(Imagem retirada do Google)
Sou cuidadora do meu
avô há vários anos.
A doença dele veio de
mansinho, sorrateiramente, sem que dessemos conta.
Começou com pequenos
esquecimentos (que toda a gente tem de vez enquando) até que teve um
AIT(acidente isquémico transitório), ou seja, um principio de AVC.
A partir daí, a saúde
dele foi-se degradando em escadinhas. Há fases de estabilidade mais
ou menos prolongadas, e há outras em que acontece algo e temos que
ir a correr com ele para o hospital.
Felizmente há já
bastante tempo que se encontra estável e espero que assim continue
por muito tempo.
Ontem à noite um
bocado depois de o termos deitado, fui ver como estava: se estava
quentinho, se estava bem disposto, etc.. Ele respondeu que sim.
Quando me vinha embora
para a cozinha, ele pediu-me um beijo.
Eu voltei para trás e
dei-lhe muitos beijinhos, fiz-lhe festinhas na cabeça e no rosto e
pedi-lhe também um beijo, que ele deu :o)
Depois perguntei se ele
sabia que eu era a (meu nome) e ele disse: “Sei pois!”
Fiquei muito contente,
porque ele a maior parte das vezes não sabe dizer quem eu sou, principalmente o
meu nome. Nessas alturas costuma dizer que sou “uma menina linda”
:o)
Disse-lhe que gosto
muito, muito dele, mesmo quando às vezes em desespero perco a cabeça
e ralho .
Eu: “Quando eu era
pequena você às vezes também ralhava comigo e gostava de mim na
mesma, não é?”
O meu avô: Claro que
sim!”
Eu: Nós cuidamos uns
dos outros, não é?”
O meu avô: “Claro
que sim..”
Dei-lhe mais uns
beijinhos e ele a mim.
Fui ver se ele tinha os
pezitos quentes. Estavam frios, por isso, coloquei-lhe um saco com
água quente para que aquecessem.
Toca-me muito quando o
meu avô tem estes momentos de lucidez e me mostra que sabe quem eu sou e que estou a cuidar bem dele; o melhor que consigo.
Amo-o como meu segundo
pai.
É muito difícil ser cuidador, mas também é muito
recompensador.
Quando eu era pequena,
os meus pais e avós cuidaram de mim, agora cuido eu deles :o)
